domingo, 22 de novembro de 2009

Fatores relevantes na resistência ao uso de anti-microbianos

Como a resistência se desenvolve e expande:

1- Microbiologia
Os investigadores logo descobriram que os microrganismos desenvolvem resistência a antimicrobianos por um processo conhecido como seleção natural. Quando uma população microbiana é exposta a um antibiótico, organismos mais suscetíveis são destruídos e somente sobreviverão os resistentes ao antimicrobiano. Estes organismos podem passar os genes de resistência à sua descendência através de replicação, ou para outras bactérias relacionadas por conjugação, por meio de plasmídios, que levam os genes de um organismo para outro.

2-O paradigma da pobreza: acesso aos medicamentos e resistência
Mais que qualquer outro aspecto, pobreza e acesso inadequado aos medicamentos continuam sendo a força principal no desenvolvimento de resistência. Nos países em desenvolvimento, os medicamentos estão livremente disponíveis apenas para os que podem pagar. Isto significa que a maioria dos pacientes é forçada a recorrer a produtos de qualidade duvidosa, ou cursos de tratamento truncados, que invariavelmente conduzem a seleção mais rápida de organismos resistentes.

3-erro diagnóstico e resistência
O erro diagnóstico é outro sintoma de sistemas deficientes de saúde pública em nações industrializadas e em desenvolvimento. Médicos e demais profissionais de saúde extenuados pelo trabalho excessivo, com deficiente formação, atuam sob pressão, adquirindo uma postura defensiva, prescrevendo desnecessariamente para evitar complicações potenciais. Uma carência de recursos diagnósticos em nações mais pobres significa que os médicos e os demais trabalhadores de saúde são forçados a atuar a partir de hipóteses diagnósticas não confirmadas, o que leva a uma maior probabilidade de erro na conduta, prescrevendo um medicamento errado. Principalmente nas regiões mais pobres do mundo, a falta de informação leva os pacientes a consumirem doses insuficientes dos medicamentos, suspendendo-os quando se sentem melhor.

4-Questionável preferência por medicamentos caros
Devido ao medo da resistência, muitos profissionais de saúde estão evitando drogas de espectro estreito que tratam o agente infeccioso específico em favor de antibióticos de largo espectro. Em países onde os profissionais de saúde ganham apenas salários de subsistência, companhias farmacêuticas pouco éticas pagam às vezes uma comissão recomendando medicamentos de largo espectro mais caros, quando alternativas de baixo espectro mais baratas bastariam. O resultado final é uma menor eficiência, maior gasto com antimicrobianos e um número maior de doenças infecciosas. De quebra, isto acelera o processo natural de resistência, e resulta em só uma porcentagem pequena do benefícios relacionados a pesquisas sobre novas drogas ou esquemas terapêuticos.
5-A publicidade em favor de resistência
Por outro lado, a demanda dos pacientes por antimicrobianos, às vezes resultado de propaganda na televisão, internet, revistas ou jornais, também favorece o desenvolvimento de resistência

6-Deficiências na formação dos profissionais de saúde: Até mesmo em países industrializados, a resistência bacteriana é abordada superficialmente nas escolas médicas ou é limitada ao ensino dos especialistas. Em nações em desenvolvimento, observamos uma deficiência qualitativa e quantitativa de profissionais de saúde, fazendo com que muitas vezes os pacientes sejam expostos ao seu próprio juízo ou sejam orientados por pessoas menos qualificadas


7-Resistência em hospitais
Progressivamente, a maioria dos profissionais de saúde atua no cenário de um hospital. Infelizmente, quando analisamos as práticas de prescrição, mesmo em instituições de ensino, existe o problema do uso irracional de antibióticos, contribuindo para a resistência. Não importa o quanto o ensino básico seja minucioso, é nas unidades de internação que os residentes aprendem prescrever antibióticos, geralmente seguindo os hábitos dos seus supervisores. As mesmas influências são válidas para o treinamento dos demais profissionais de saúde.

Diante disso a OMS definiu os seguintes pontos para ação:

1. Adote as políticas e estratégias da OMS
Para a maioria doenças, a OMS estabeleceu estratégias efetivas que visam especificamente a sua prevenção tratamento e controle, destacando-se a imunização como uma das suas mais importantes políticas. A vacinação é a mais lógica e efetiva abordagem, pois pretende conter a resistência prevenindo infecção em primeiro lugar

2-Eduque os profissionais de saúde e o público no uso de medicamentos
Educar o público e os profissionais de saúde no uso adequado de antimicrobianos é imperativo para deter a expansão da resistência. Os governos, sociedades profissionais e instituições pedagógicas têm que manter prioridades para a atualização dos profissionais de saúde, provendo informações necessárias sobre a seleção correta da droga, dosagem e duração ótima do tratamento. Também devem ser elaborados programas de educação adaptados às necessidades de grupos específicos, sejam de curandeiros de aldeia, vendedores de farmácia, dispensadores de rua, profissionais de saúde, assistentes paramédicos, parteiras, enfermeiras, dentistas, médicos ou outros que participam dos cuidados primários. Recomendações da OMS, descritas no texto sobre o uso racional das drogas, incluem: educação e informações para o consumidor além de aspectos práticos e dilemas relacionados ao uso responsável dos antimicrobianos.
3-Contenha a resistência no hospital
As pessoas ingerem a maioria dos antimicrobianos nas suas casas. Porém é nos hospitais que o uso é mais intenso, principalmente em unidades repletas de pacientes, onde é mais fácil a disseminação de patógenos multiresistentes como o MRSA. Então, é imperativo que rapidamente os hospitais mobilizem as habilidades profissionais dos administradores, clínicos, farmacêuticos, microbiologistas e outros profissionais de saúde para encontrar soluções criativas na tentativa de resolver o problema de resistência microbiana. Desenvolver e implementar novas políticas e práticas que assegurem o uso criterioso de antimicrobianos é o primeiro passo vital.

4. Maior pesquisa para novas drogas e vacinas
Encorajar a comunidade de pesquisa a desenvolver novas drogas é essencial quando os medicamentos anteriormente ativos ficam impotentes, em face à sempre crescente resistência microbiana. Mas, mesmo os nossos melhores esforços são lentos quando comparados à velocidade que a resistência emerge. Assim, o desenvolvimento de novos antimicrobianos e abordagens alternativas (como vacinas) é vital. O investimento dos setores público e privado em novas vacinas, drogas e outros produtos para prevenir ou tratar as principais doenças infecciosas em países em desenvolvimento, foi menos que 2% do total das despesas de pesquisa em saúde no mundo. É necessário que se incentive as companhias farmacêuticas a descobrir e desenvolver combinações novas, como também intensifiquem pesquisa para os regimes de dosagem, a fim de minimizar a probabilidade de selecionar cepas resistentes.

Texto extraído e adaptado de http://www.ccih.med.br/vencendoresistencia.html#1

2 comentários:

  1. Texto super interessante, apesar de grande, vale a pena ser lido! A resistência bacteriana nos faz lembrar da utilização indevida dos antimicrobianos...

    Abraço a todos,
    Igor Sá

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